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Financiamento imobiliário: o que é, como funciona e quais cuidados tomar

  • Foto do escritor: Joyce Oliveira
    Joyce Oliveira
  • 6 de jun.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 29 de jul.

Financiamento imobiliário: o que é, como funciona e quais cuidados tomar
Financiamento imobiliário: o que é, como funciona e quais cuidados tomar

Com certeza você já ouviu falar em imóvel financiado, não é? E provavelmente escutou opiniões divididas: alguns veem o financiamento como a realização do sonho da casa própria, outros como uma dívida de longo prazo que pode pesar no orçamento.

Mas afinal, você sabe o que é exatamente o financiamento imobiliário, como ele funciona e quais cuidados são essenciais antes de assinar um contrato?

Neste artigo, você vai entender tudo isso com clareza, objetividade e respaldo jurídico.


O que é financiamento imobiliário?

O financiamento imobiliário é um contrato pelo qual uma instituição financeira concede crédito a uma pessoa interessada na aquisição de um imóvel, seja ele residencial, comercial ou rural. Em termos simples: o banco paga o valor do imóvel e o comprador se compromete a devolver esse valor em parcelas mensais acrescidas de juros.

Embora se assemelhe ao empréstimo, são contratos distintos. O empréstimo é regido pelo Código Civil e pode ter uso livre. Já o financiamento imobiliário tem normas específicas e exige que os recursos sejam usados exclusivamente na aquisição do imóvel, geralmente com garantia real.


Modalidades de financiamento imobiliário

Atualmente, os principais sistemas utilizados no Brasil são:


1. Sistema Financeiro de Habitação (SFH)

Criado pela Lei nº 4.380/64 e regulamentando também pela Lei nº 8.004/90, o SFH é o sistema mais tradicional e popular do país, voltado especialmente à aquisição da primeira moradia.


Características principais:

  • Taxas de juros mais baixas;

  • Limites de valor para o imóvel;

  • Possibilidade de utilização do FGTS;

  • Exige comprovação de renda e análise de crédito;

  • Programas de habitação popular, como o programa de habitação federal, o Minha Casa, Minha Vida operam dentro desse sistema.

No Estado de São Paulo, por exemplo, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) viabiliza habitação popular utilizando essa estrutura.

O contrato firmado é um contrato de mútuo com garantia real, sendo o comprador denominado mutuário, e o agente financeiro, mutuante.


2. Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI)

Instituído pela Lei nº 9.514/97, o SFI surgiu como alternativa ao SFH, com foco em imóveis de maior valor ou que não se enquadram nos critérios do SFH.


Características principais:

  • Menos restrições quanto ao valor do imóvel;

  • Permite maior flexibilidade contratual;

  • Taxas de juros geralmente maiores;

  • Financiamentos com recursos livres (do próprio banco ou de mercado);

  • Indicado para imóveis de padrão mais elevado ou investimentos.


As garantias são frequentemente formalizadas por alienação fiduciária, regulada pela mesma Lei nº 9.514/97.

As instituições autorizadas a operar nesse sistema incluem bancos, companhias hipotecárias, sociedades de crédito imobiliário, entre outras, conforme o art. 2º da lei mencionada.


Outros tipos de financiamento

  1. Carteira Hipotecária

É um modelo em que o banco utiliza recursos próprios, com condições mais livres. Os juros tendem a ser mais altos, e o imóvel serve como garantia por meio de hipoteca.


  1. Financiamento direto com a construtora

Comum em imóveis na planta. O comprador paga parcelas durante a obra diretamente à construtora. Após o “habite-se”, pode quitar ou refinanciar o saldo com um banco.

Atenção: verifique a idoneidade da construtora, histórico judicial e cumpra diligências prévias para evitar problemas com atraso na entrega, falência ou descumprimento contratual.


  1. Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF)

Voltado a agricultores familiares, permite a aquisição de imóvel rural com condições subsidiadas, incluindo assistência técnica e investimentos na propriedade.


  1. Programa de Arrendamento Residencial (PAR)

Funciona como um leasing: o imóvel é arrendado por determinado período e, ao final, o beneficiário pode optar pela compra.


Quais são as garantias no financiamento imobiliário?

As garantias existem para proteger o banco contra o risco de inadimplência. No financiamento imobiliário, o próprio imóvel é usado como garantia da dívida.

As formas mais comuns de garantia são:

  • Hipoteca (uso menos comum atualmente);

  • Alienação fiduciária de bem imóvel (a mais utilizada atualmente);

  • Cessão ou caução de direitos creditórios ou aquisitivos.


Alienação fiduciária: a principal garantia nos financiamentos

A alienação fiduciária é hoje a forma mais comum de garantia nos contratos de financiamento imobiliário no Brasil.

Como funciona:

  • O comprador (fiduciante) transfere a instituição (fiduciário) a propriedade resolúvel do imóvel;

  • O comprador tem a posse direta do imóvel e pode utilizá-lo normalmente;

  • O banco mantém a propriedade indireta até o pagamento integral da dívida.

Em caso de inadimplência:

  1. O comprador é intimado via cartório para quitar a dívida em até 15 dias;

  2. Se não houver pagamento, a propriedade é consolidada em nome do banco;

  3. O imóvel pode ser levado a leilão em até 60 dias, conforme previsto em lei.

Após a quitação:

  • O banco tem até 30 dias para emitir o termo de quitação;

  • Se não emitir, poderá ser multado em 0,5% ao mês sobre o valor do contrato;

  • Com o termo em mãos, o comprador pode registrar a liberação da garantia no cartório.


Sistemas de amortização

Os principais sistemas adotados no SFH e no SFI são:

  • SAC (Sistema de Amortização Constante): parcelas decrescentes, com amortização fixa e juros sobre saldo devedor.

  • Tabela Price (ou Sistema Francês de Amortização): parcelas fixas no início, com amortização crescente e juros decrescentes.

  • SACRE: combina SAC e Price, com prestações corrigidas gradualmente pela TR.


Documentos necessários para solicitar um financiamento imobiliário

Os documentos podem variar conforme a instituição financeira, mas geralmente são exigidos:

  • Documentos pessoais (CPF, RG);

  • Comprovante de residência;

  • Certidão de casamento (se for o caso);

  • Declaração de Imposto de Renda;

  • Certidão negativa de débitos;

  • Carteira de trabalho;

  • Comprovante de renda (contracheque, imposto de renda ou pró-labore);

  • Declaração do FGTS.


Cuidados essenciais

  • Leia o contrato com atenção: trata-se de um contrato de adesão (art. 54 do CDC), e cláusulas abusivas podem ser questionadas;

  • Compare ofertas entre diferentes agentes financeiros;

  • Analise a taxa de juros, prazo, sistema de amortização e possibilidade de amortizações antecipadas;

  • Não comprometa mais que 30% da renda mensal com a prestação inicial;

  • Utilize o saldo do FGTS como entrada ou para amortizar o saldo devedor;

  • Guarde todo material publicitário, principalmente em compras na planta (pode ser usado como prova em caso de descumprimento).


Contrato de Gaveta: atenção redobrada

Apesar de informalmente utilizados, os chamados contratos de gaveta (em que o imóvel é repassado a terceiros sem alteração do titular do financiamento) trazem riscos jurídicos sérios, como:

  • Perda do imóvel em caso de inadimplência ou falecimento do titular;

  • Inviabilidade de defesa judicial sem legitimidade ativa;

  • Complicações na regularização futura da propriedade.

Ainda que tribunais e leis como a Lei nº 10.931/2004 tenham reconhecido algumas hipóteses, recomenda-se que qualquer cessão de direitos seja formalizada com a anuência do agente financeiro e respaldo jurídico.


Conclusão

O financiamento imobiliário pode ser a chave para conquistar a casa própria ou realizar um investimento seguro. Mas exige planejamento, conhecimento e cautela.

Entender o sistema, comparar propostas, verificar garantias e contar com a orientação de um profissional especializado faz toda a diferença para evitar armadilhas e garantir segurança jurídica na operação.

Se você está considerando financiar um imóvel, busque informações confiáveis, consulte um advogado e escolha a opção mais adequada ao seu perfil e realidade financeira.



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