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- Qual o prazo do inventário e o que acontece se não for feito?
Qual o prazo do inventário e o que acontece se não for feito? Nas famílias brasileiras, quando se perde um ente querido, geralmente há dois caminhos: algumas iniciam o inventário imediatamente, enquanto outras adiam o processo o máximo possível — até que surja um problema ou alguém decida tomar uma atitude. Você conhece alguém passando por essa situação? Continue lendo para entender tudo o que precisa saber sobre inventário, incluindo as consequências do atraso. O que é o inventário? O conjunto de bens, direitos e dívidas deixado por uma pessoa falecida é chamado de herança. O inventário é o procedimento legal que identifica, avalia e partilha esse patrimônio entre os herdeiros. 📖 Leia também: Inventário: entenda o processo e suas modalidades Qual o Prazo para Abrir o Inventário? De acordo com o art. 611 do Código de Processo Civil, o inventário deve ser aberto dentro de dois meses a partir da data do falecimento. Além disso, cada estado pode estabelecer regras específicas, especialmente em relação ao Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) . No Estado de São Paulo, por exemplo, a alíquota é de 4% sobre o valor venal dos imóveis, e o atraso no pagamento pode gerar multa e juros. É importante, ainda, estar atento às alterações previstas pela reforma tributária, que poderá impactar diretamente a forma de cálculo e cobrança do ITCMD. 📖 Leia também: Planejamento Sucessório e Reforma Tributária: Entenda as mudanças no ITCMD Progressivo O que Acontece se o Inventário Não for Feito? Se o inventário não for aberto dentro do prazo legal, diversas complicações podem surgir: Multas e Juros sobre o ITCMD Caso o imposto não seja recolhido dentro do prazo, os herdeiros podem ter que pagar multas e juros, aumentando significativamente os custos do inventário. Bloqueio dos Bens Sem o inventário, os bens do falecido não podem ser vendidos e transferidos legalmente pelos herdeiros. Contas bancárias podem ser bloqueadas, impedindo o acesso a valores depositados. Dificuldades na Regularização de Imóveis Imóveis que pertenciam ao falecido permanecerão em seu nome, o que pode gerar complicações na regularização documental e na eventual venda do bem. Conflitos entre Herdeiros A ausência de um inventário formalizado pode gerar disputas entre os herdeiros, tornando o processo ainda mais demorado e custoso. Possibilidade de Perda dos Bens Caso o inventário seja negligenciado por muitos anos, terceiros podem reivindicar os bens por meio de institutos jurídicos como a usucapião, dependendo das circunstâncias. Processo ainda mais demorado e custoso Quanto mais tempo se demora para abrir o inventário, maiores podem ser as dificuldades. Isso pode aumentar os custos com honorários advocatícios, além de tornar o processo mais complexo e demorado. Como Regularizar um Inventário em Atraso? Se o prazo já expirou, a família ainda pode abrir o inventário, mas é essencial regularizar a situação o quanto antes para evitar penalidades maiores. O ideal é buscar orientação de um advogado especializado, que poderá auxiliar na escolha do melhor caminho: Inventário extrajudicial: Realizado em cartório, por meio de escritura pública, sendo mais rápido, desde que haja acordo entre os herdeiros e sejam atendidos os requisitos legais. Inventário judicial: ocorre com a intervenção de um juiz, que ao final expede o formal de partilha. Esse procedimento é obrigatório quando há litígios entre os herdeiros, menores ou incapazes envolvidos ou testamento. E se forem descobertos novos bens após o inventário? Mesmo que o inventário já tenha sido finalizado, pode acontecer de novos bens do falecido serem descobertos posteriormente. Nesse caso, é necessário ingressar com um processo de sobrepartilha, que serve para incluir esses bens na divisão entre os herdeiros. E se o falecido deixou mais dívidas do que bens? Quando o falecido deixa mais dívidas do que patrimônio, os herdeiros podem ingressar com um inventário negativo. Esse procedimento serve para comprovar que não há bens a serem partilhados, protegendo os herdeiros de cobranças indevidas por parte dos credores. Conclusão O inventário é um procedimento indispensável para a regularização do patrimônio deixado por uma pessoa falecida. Quanto antes ele for iniciado, melhor. Atrasos podem gerar multas, bloqueios de bens, aumento de custos e até a perda de direitos. Se você tem dúvidas sobre inventário ou precisa de orientação jurídica, entre em contato para mais informações!
- Separação de fato: entenda seus efeitos nos direitos patrimoniais
Separação de fato: entenda seus efeitos nos direitos patrimoniais O casamento é um marco importante, mas nem sempre dura para sempre. Quando um casal decide seguir caminhos diferentes sem formalizar o divórcio, a separação de fato se torna uma realidade – e com ela vêm impactos jurídicos, principalmente sobre o patrimônio. Muitas pessoas desconhecem as consequências dessa escolha e podem ser surpreendidas no futuro. O que é a separação de fato? A separação de fato ocorre quando o casal deixa de viver como marido e mulher , rompendo suas obrigações conjugais, como coabitação, fidelidade e o compartilhamento de responsabilidades do matrimônio. Contudo, é importante destacar que essa separação não dissolve o vínculo matrimonial legalmente , ou seja, o casal continua casado até que o divórcio seja formalizado. É importante ressaltar que, em algumas situações, mesmo separados de fato, os cônjuges podem continuar morando na mesma residência, seja por razões financeiras, familiares ou outras circunstâncias. Isso, no entanto, não impede que a separação de fato tenha efeitos jurídicos relevantes, especialmente no que diz respeito ao patrimônio. Os impactos da separação de fato nos direitos patrimoniais Um dos principais reflexos da separação de fato está no regime de bens do casal, já que a separação cessa a comunicação do bens. Mas a pergunta é: Como ficam os bens após a separação de fato em cada regime de bens ? De maneira geral: Comunhão parcial de bens : Os bens adquiridos após a separação de fato, em tese, não são mais considerados patrimônio comum do casal. Comunhão universal de bens : A separação de fato pode ser um marco para discutir a exclusão de bens adquiridos posteriormente. Separação de bens : Nesse regime, a separação de fato não altera as regras patrimoniais, pois cada cônjuge já possui independência sobre seu patrimônio. Além disso, a separação de fato pode ter impactos sobre pensão alimentícia, herança e outros direitos, sendo fundamental comprovar a data em que ela ocorreu, especialmente em casos de disputas judiciais. Para isso, vamos a um exemplo prático: Imagine um casal casado sob o regime de comunhão parcial de bens. Após a separação de fato, um dos cônjuges compra um imóvel. Se não houver comprovação clara da data da separação, o outro cônjuge pode reivindicar parte desse bem em uma futura disputa judicial. Situações como essa demonstram a importância de documentar corretamente a separação. A importância da formalização Embora a separação de fato seja um passo inicial, ela não substitui a necessidade de um divórcio formal para a completa dissolução do casamento. Somente com o divórcio os cônjuges estarão legalmente livres para contrair novo matrimônio. Por isso, recomenda-se que a separação de fato seja documentada por meio de provas, como testemunhas, documentos e registros formais, evitando futuros conflitos. A assistência de um advogado especializado é essencial para garantir que todos os direitos sejam preservados e que o processo ocorra da forma mais segura e tranquila possível. Conclusão A separação de fato tem implicações significativas nos direitos patrimoniais e conjugais, tornando essencial a sua correta formalização e compreensão. Embora o casal possa decidir não formalizar o divórcio de imediato, é fundamental estar ciente das consequências jurídicas dessa escolha. Buscar orientação legal é a melhor forma de proteger os interesses de ambas as partes e garantir que os direitos e deveres sejam respeitados, especialmente para evitar surpresas futuras. Caso ainda tenha dúvidas, entre em contato conosco!
- A Herança Digital: como lidar com o patrimônio digital após o falecimento
A Herança Digital: como lidar com o patrimônio digital após o falecimento Já parou para pensar no que acontece com suas contas online, redes sociais e outros ativos digitais após o seu falecimento? Com a digitalização crescente da nossa vida, o conceito de herança também evoluiu para incluir o chamado patrimônio digital. A herança digital engloba todos os bens virtuais deixados pelo falecido, podendo ser transmitidos aos herdeiros. Esses bens são imateriais e podem incluir e-mails, vídeos, documentos armazenados em nuvem, contas em redes sociais e até criptomoedas. Tipos de Bens Digitais Os bens digitais podem ser divididos em duas categorias principais: Bens patrimoniais: possuem valor econômico, como criptomoedas, perfis profissionais em redes sociais, canais monetizados e pontos de programas de fidelidade. Bens personalíssimos: têm valor sentimental, como contas pessoais em redes sociais, fotos, vídeos armazenados em nuvem e e-mails. O que diz a legislação? Atualmente, não existe uma regulamentação específica sobre a transmissão de bens digitais no Brasil. No entanto, leis como o Código Civil, o Marco Civil da Internet e o Código de Defesa do Consumidor podem ser aplicadas para resolver questões relacionadas ao tema. O anteprojeto do novo Código Civil, entregue ao Senado em abril de 2024, já contempla a transmissão de bens digitais de valor econômico. A jurisprudência, porém, ainda diverge sobre a transmissibilidade de bens personalíssimos. Algumas decisões autorizam o acesso a esses bens com base na preservação da memória afetiva e na necessidade de determinadas informações. Outras, no entanto, negam esse acesso, considerando que isso poderia ferir o direito à privacidade e à personalidade do falecido. Como proteger seu patrimônio digital? Para evitar conflitos e garantir que seu legado digital seja tratado conforme sua vontade, algumas medidas podem ser adotadas: Definir um contato herdeiro: Algumas plataformas, como o Facebook, permitem a indicação de um contato para gerenciar a conta após o falecimento, tornando-a um memorial. Criar um testamento digital: Registrar suas preferências em relação ao destino dos seus bens digitais pode facilitar a gestão futura. Buscar assessoria jurídica: Contar com um advogado especializado ajuda a garantir que seus bens digitais sejam protegidos e distribuídos conforme sua vontade. O planejamento sucessório digital é uma necessidade crescente, e refletir sobre essas questões agora pode evitar dores de cabeça para seus familiares no futuro. Se você deseja proteger seu patrimônio digital, procure um advogado de confiança para orientação e elaboração de um plano sucessório adequado às suas necessidades. Ainda possui dúvidas acerca do patrimônio digital? Entre em contato conosco!
- O Que É Condomínio? Entenda os tipos e suas diferenças
O Que É Condomínio? Entenda os Tipos e Suas Diferenças Condomínio é a situação em que duas ou mais pessoas são donas de um mesmo bem ao mesmo tempo. Ou seja, é uma co-propriedade. Esse tema é comum, especialmente quando falamos de herança ou de imóveis urbanos. O Código Civil trata do condomínio nos artigos 1.314 a 1.358-A . Significado da Palavra "Condomínio" A origem da palavra ajuda a entender: Con = mais de um Domínio = dono Condomínio significa que há mais de um dono sobre o mesmo bem. Quais os Tipos de Condomínio? Existem dois tipos principais de condomínio: 1. Condomínio Geral (ou Tradicional) Acontece quando duas ou mais pessoas são donas do bem inteiro , sem divisão física . 📌 Exemplo: irmãos que herdam uma casa e ainda não fizeram a partilha. Todos são donos de tudo. Características: Não há separação de partes; Cada um tem uma “fração ideal”; Tudo deve ser decidido em conjunto. 2. Condomínio Especial É o mais comum em prédios, condomínios horizontais e loteamentos fechados. Cada pessoa tem sua unidade privativa (apartamento, casa ou lote), mas todos compartilham as áreas comuns (garagem, ruas internas, portaria, etc.). 📌 Exemplo: morar em um prédio ou em um condomínio fechado com casas ou lotes residenciais. Tipos de condomínio especial: Condomínio edilício: mais comum em edifícios. Cada morador é dono do seu apartamento e divide as áreas comuns. Condomínio de lotes: previsto pela Lei nº 13.465/2017 , permite que o proprietário tenha um lote individualizado , mas compartilhe as áreas comuns, como portaria, vias internas e lazer. É comum em condomínios horizontais . Características: Unidade privativa + áreas comuns; Regras internas próprias; Regido pelos artigos 1.331 a 1.358-A do Código Civil . Por Que Isso É Importante? Saber o tipo de condomínio ajuda a: Evitar conflitos entre os proprietários; Entender seus direitos e deveres; Saber como usar, vender ou administrar o bem. Conclusão O condomínio pode gerar dúvidas e até problemas entre os donos do bem. Por isso, é sempre importante buscar orientação jurídica , especialmente em casos de herança, compra de imóvel ou separação.
- Alvará Judicial para Levantamento de Valores da Conta do Falecido: Quando é possível evitar o inventário?
Alvará Judicial para Levantamento de Valores da Conta do Falecido: Quando é possível evitar o inventário? Você sabia que nem sempre é necessário abrir um inventário para receber valores deixados por uma pessoa falecida? Em determinadas situações, é possível fazer o levantamento de quantias por meio do alvará judicial , um procedimento mais simples e rápido. Neste artigo, você vai entender o que é o alvará judicial , quais valores podem ser liberados com base na Lei 6.858/80 , quando ele substitui o inventário , e como fazer para solicitar . Se você perdeu um familiar e precisa levantar valores como FGTS, PIS/PASEP, saldo bancário ou restituição do imposto de renda , este conteúdo é para você. O que é o alvará judicial? O alvará judicial é uma autorização emitida por um juiz para realizar determinado ato. Nesse caso, permite que uma pessoa receba ou levante valores deixados por alguém que faleceu. Trata-se de um procedimento judicial mais célere, utilizado quando não há necessidade de inventariar bens complexos ou imóveis. Esse pedido é feito por meio de uma ação de alvará, que pode ser protocolada por qualquer herdeiro ou dependente legal, desde que cumpridos os requisitos da lei. Base legal: o que diz a Lei 6.858/80 A Lei nº 6.858/1980 regula o pagamento, aos dependentes ou sucessores, de valores não recebidos em vida pelo falecido . Ela prevê facilitações legais para o recebimento de determinadas verbas, mesmo que o falecido tenha deixado bens a inventariar, desde que esses valores sejam oriundos de vínculo empregatício ou previdenciário. Em alguns casos, nem é preciso entrar com ação judicial. O pagamento pode ser feito de forma administrativa, diretamente aos dependentes. Quando é possível receber os valores sem inventário? Situações com pagamento administrativo direto: Mesmo que o falecido tenha deixado outros bens, os dependentes (inclusive incapazes e cônjuges) podem receber diretamente os seguintes valores, em quotas iguais: Salários não pagos Verbas rescisórias Créditos trabalhistas FGTS e PIS/PASEP Valores devidos por cargo público (servidores civis ou militares) Nesse caso, os dependentes devem procurar o empregador, a Caixa Econômica Federal ou o órgão público competente para solicitar os valores. Recebe direto, mas não pode ter outros bens a inventariar Restituição de imposto de renda não recebida em vida (art. 13 Decreto Lei 2.292/86 e art. 34 Lei 7.713/88) Atenção: Se a instituição financeira ou órgão público se recusar a liberar administrativamente os valores, o herdeiro pode ingressar com uma ação de alvará judicial , sem a necessidade de inventário. Quando o alvará judicial é necessário? O alvará judicial será exigido quando não houver outros bens a inventariar , e os valores deixados se enquadrem em uma das hipóteses abaixo: Saldo em conta bancária até o limite de 500 OTN Saldo residual do INSS (benefício não recebido) Leia também: Posso sacar dinheiro da conta do falecido? Alvará judicial para levantamento de valores da conta do falecido Será permitido a utilização do alvará judicial para levantamento de valores da conta do falecido, desde que seja valor pequeno e não tenha outros bens a inventariar. Quanto ao valor pequeno, exige-se que seja limitado a 500 OTN (a equivalência de 500 OTN varia conforme o Tribunal. Em alguns casos, o valor pode ir de R$ 13 mil a R$ 20 mil.) É importante consultar a jurisprudência local para saber se vale a pena o requerimento de alvará judicial. Obviamente, que na prática podem haver muitas situações diversas. E se houver um veículo ou outro bem móvel? A regra é clara: bens móveis devem ser inventariados. No entanto, alguns Tribunais têm admitido a expedição de alvará judicial para veículos, especialmente quando: O veículo tem valor inferior ao limite de 500 OTN Não existem outros bens a inventariar Os herdeiros estão de acordo É fundamental verificar a jurisprudência local e consultar um advogado para avaliar a melhor estratégia. Como solicitar o alvará judicial? Para dar entrada na ação de alvará judicial, é necessário apresentar: Certidão de óbito do falecido Documentos pessoais do requerente Comprovação do vínculo familiar ou de dependência Comprovantes dos valores a serem levantados (extratos bancários, informes de rendimentos, etc.) Declaração de inexistência de outros bens a inventariar Em muitos casos, o processo é rápido e pode ser concluído em poucas semanas. Conclusão O alvará judicial é uma ferramenta jurídica valiosa que descomplica o acesso a valores deixados por pessoas falecidas, especialmente quando se trata de quantias modestas e não há necessidade de um inventário completo. Com base na Lei 6.858/80 e em normas complementares, é possível garantir o direito dos herdeiros sem burocracia excessiva. Se você se encontra nessa situação, busque orientação jurídica para avaliar o melhor caminho. Um simples alvará pode evitar meses de espera e custos com inventário.
- Princípio da Saisine: o que acontece com os bens de quem falece?
Princípio da Saisine: o que acontece com os bens de quem falece? Princípio da Saisine: o que acontece com os bens de quem falece? No Direito das Sucessões, existe uma regra muito importante chamada princípio da saisine , prevista no artigo 1.784 do Código Civil. Ela determina que, com a morte de uma pessoa, a herança é transmitida automaticamente aos herdeiros legítimos e testamentários . Art. 1.784 do Código Civil. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Isso significa que, no exato momento do falecimento , os bens, direitos e obrigações do falecido passam a integrar o patrimônio dos herdeiros , ainda que o inventário e a partilha não tenham sido concluídos. O que isso muda na prática? Na prática, o princípio da saisine garante: Que os herdeiros são titulares da herança desde a abertura da sucessão (momento da morte); Que os bens do falecido não ficam sem dono enquanto o inventário está em andamento; Que os herdeiros podem, por exemplo, responder por dívidas do falecido até o limite da herança recebida . Leia também: Dívidas do falecido: Quem paga? Entenda os limites da responsabilidade dos herdeiros E o espólio? Durante o processo de inventário, os bens são representados juridicamente pelo espólio, que é administrado por um inventariante até que ocorra a partilha. No entanto, o princípio da saisine já garante que os herdeiros tenham direito sobre esse patrimônio desde o início.
- Imóveis Herdados: O que fazer quando os herdeiros não entram em acordo?
Imóveis Herdados: O que fazer quando os herdeiros não entram em acordo? Quando alguém falece deixando bens, especialmente imóveis, não é raro que surjam divergências entre os herdeiros. Um quer vender, outro prefere manter, outro está morando no local – e ainda há quem questione se o outro tem ou não direito. Essa é, sem dúvida, uma das situações mais delicadas no inventário. E a pergunta aparece com frequência: “O que fazer quando os herdeiros não entram em acordo?” A resposta passa por entender primeiro como funciona a herança e o inventário. Herança e Inventário: o ponto de partida Todos os bens deixados pelo falecido formam a herança — chamada juridicamente de “espólio”, ou seja, o conjunto de bens, direitos e dívidas, também conhecido como “monte-mor”. Para que cada herdeiro receba sua parte, é necessário abrir inventário (judicial ou extrajudicial). Enquanto esse processo não termina, os bens continuam sendo um único patrimônio indivisível. Na prática, nenhum herdeiro pode vender, alugar ou usar sozinho um imóvel herdado antes da partilha sem o consentimento dos demais ou sem autorização judicial. Moradia de um herdeiro no imóvel É comum que um dos herdeiros já estivesse morando no imóvel com o falecido, muitas vezes por ter cuidado dele ou simplesmente por nunca ter saído da casa da família. Porém, após o falecimento, esse herdeiro não pode permanecer no imóvel como se fosse dono exclusivo. Se os demais herdeiros não concordarem, podem exigir aluguel proporcional ou até ingressar com ação para retomada do bem – inclusive para não correr o risco de um pedido futuro de usucapião se o inventário não for aberto. O direito real de habitação do cônjuge sobrevivente Aqui há uma exceção importante: o cônjuge que sobrevive tem, por lei, direito real de habitação no imóvel que era a residência do casal, independentemente do regime de bens, se era meeiro ou herdeiro. É um direito vitalício e gratuito, que impede os demais herdeiros de obrigarem esse cônjuge a sair ou pagar aluguel. Esse direito, no entanto, vale apenas para o imóvel de moradia familiar, não para outros bens deixados na herança. Quando os herdeiros não entram em acordo para vender o imóvel Se parte dos herdeiros quer vender e outra parte não, a primeira medida é tentar um consenso - esse é sempre o melhor caminho. Quem não quer vender pode comprar a parte dos demais pelo valor de avaliação. Se isso não ocorrer, é possível recorrer ao Judiciário. O juiz pode determinar a venda judicial (em leilão) e dividir o valor entre todos, respeitando o direito de preferência dos herdeiros. Vale lembrar: antes da partilha, a negociação correta é chamada cessão de direitos hereditários (onerosa). Só depois da partilha é que se fala em compra e venda. Leia também: Venda de imóvel herdado: é possível? Entenda a cessão de direitos hereditários Por que o acordo é sempre o melhor caminho A lei traz mecanismos para resolver esses conflitos, mas processos judiciais costumam ser demorados e caros. Além disso, muitas vezes o imóvel acaba vendido mesmo contra a vontade de um ou mais herdeiros. Por isso, antes de qualquer medida judicial, vale investir no diálogo e na orientação de um advogado especializado. O profissional pode esclarecer direitos e deveres, sugerir soluções viáveis e reduzir desgastes emocionais e financeiros. Conclusão Conflitos entre herdeiros sobre imóveis são mais comuns do que parecem e podem transformar um momento já difícil em algo ainda mais desgastante. Enquanto o inventário não é concluído, todos os bens permanecem indivisos e ninguém pode agir sozinho. O cônjuge sobrevivente tem proteção especial, mas fora isso, decisões sobre venda ou uso dependem de consenso ou, na falta dele, de decisão judicial. Investir no diálogo entre os herdeiros é sempre o melhor caminho: economiza tempo, preserva recursos e mantém o patrimônio herdado. Quando não há acordo, contar com a orientação de um advogado especializado faz toda a diferença — ele pode indicar a saída mais rápida e segura, evitando prejuízos e litígios longos. Mais do que resolver um impasse, a atuação preventiva garante que o inventário seja conduzido de forma justa, eficiente e com o menor desgaste possível para todos os envolvidos.
- Os cuidados essenciais que toda mãe solo precisa ter para se proteger juridicamente
Os cuidados essenciais que toda mãe solo precisa ter para se proteger juridicamente Muitos dizem que ser mãe é uma vocação, que a mulher carrega uma força absurda nesse papel. Mas ser mãe também significa assumir uma responsabilidade redobrada. Além dos compromissos pessoais e profissionais, passa a existir um compromisso permanente com o filho — muitas vezes, doando a própria vida em prol do bem-estar dele. Ninguém duvida da importância de uma mãe. Porém, quando ela precisa cuidar do filho sozinha, muitas vezes com apoio apenas da família materna, algumas decisões — mesmo bem-intencionadas — podem trazer consequências inesperadas se não forem tomadas da forma correta. Ser mãe solo é uma jornada desafiadora. E é exatamente sobre isso que este artigo trata: os principais cuidados que toda mãe solo precisa ter para evitar problemas jurídicos sem perceber. Cuidados Essenciais que Toda Mãe Solo Precisa Ter Dentre os vários desafios enfrentados diariamente, existem alguns Cuidados Essenciais que Toda Mãe Solo Precisa Ter para não se prejudicar juridicamente sem perceber. Vamos detalhar quatro pontos principais: convivência, mudança de cidade, comunicação com o pai e pensão alimentícia. 1. Convivência não depende da pensão O pai tem o direito de conviver com o filho — e, mais do que isso, é também um direito do próprio filho conviver com o pai . O que muitas vezes acontece é que, diante de atrasos ou falta de pagamento da pensão (seja por ausência de formalização ou descumprimento de decisão judicial), algumas mães entendem que podem impedir as visitas, elas dizem “ele não paga, então não precisa ver meu filho”. Esse sentimento é natural: a frustração e a preocupação com o sustento do filho são enormes. ❌ Mas, essa atitude é perigosa. Além de não resolver o problema financeiro, pode trazer sérias consequências para a mãe, que corre o risco de ser acusada de alienação parental . ✅ O caminho correto é buscar a via legal: formalizar a pensão (se ainda não houver decisão) ou executar os valores em atraso . Assim, você protege seu filho e evita riscos jurídicos para si mesma. Lembre-se: pensão e convivência são coisas diferentes. Garantir o direito do filho de conviver com o pai não impede que você busque seus direitos financeiros. Leia também: Como entrar com pedido de pensão alimentícia: Passo a Passo Completo 2. Mudança de cidade exige o procedimento correto Mesmo que a mãe tenha a guarda unilateral, a mudança de cidade do filho precisa de autorização do pai . Isso porque o direito de convivência da criança deve ser preservado. Aqui, o ponto central não é a vida da mãe, mas sim a vida do filho. ❌ Mudar de cidade sem autorização do pai ou sem decisão judicial pode gerar alegações de alienação parental e trazer sérias consequências jurídicas. ✅ O caminho correto é solicitar autorização expressa do pai. Caso não haja acordo, é preciso ingressar com uma ação de suprimento de outorga , em que o juiz analisará os motivos da mudança (oportunidade de emprego, proximidade da família, melhores condições de vida etc.) e decidirá se autoriza. Planejar a transição e comunicar o outro genitor não é fraqueza, mas sim uma forma de proteger você e seu filho. Essa comunicação evita conflitos futuros e garante que todas as mudanças sejam seguras e legais. 3. Comunicação com o pai deve ser preservada Cortar totalmente o contato com o pai do seu filho pode parecer a solução mais fácil, mas na prática isso pode gerar problemas tanto para você quanto para a criança. É natural sentir raiva ou frustração em algumas situações, mas impedir a comunicação pode ser interpretado pela Justiça como uma tentativa de afastar o pai, e isso pode trazer complicações legais. Isso não significa que a mãe precise manter conversas constantes com o pai ou ter seu número salvo no WhatsApp. O importante é garantir que exista algum meio pelo qual seu filho possa manter contato com ele , seja por você, por familiares ou outro responsável de confiança. ❌ Bloquear contatos, esconder endereço ou simplesmente não responder mensagens pode ser interpretado como tentativa de afastar o pai do convívio com o filho. ✅ O caminho correto é manter algum canal de comunicação aberto para que o filho possa falar com o pai, sempre respeitando os limites de segurança da mãe. Em casos de violência doméstica , a orientação é buscar medidas protetivas e garantir que a comunicação se dê de forma segura e legal. 4. Pensão vai além do valor mensal Muitas mães, por receio ou por acreditarem que estão “pedindo um favor”, deixam de formalizar judicialmente a pensão. Isso é um erro. A pensão não é uma benesse do pai, mas sim um direito do filho e um dever legal de ambos os genitores . ❌ Aceitar pagamentos informais, sem acordo ou decisão judicial, geralmente faz com que o pai pague valores aleatórios e insuficientes, sobrecarregando a mãe. ✅ O caminho correto é formalizar judicialmente um valor justo, que leve em conta despesas como alimentação, vestuário, lazer, 13º salário, férias, mensalidade escolar, plano de saúde e atividades extracurriculares, quando necessário. Assim, a responsabilidade é dividida e o sustento do filho fica assegurado. Formalizar não é falta de confiança ou “pedir demais” — é uma forma de proteger a família e garantir que todas as necessidades da criança sejam atendidas. Conclusão Esses são apenas alguns dos cuidados que uma mãe solo precisa ter para se proteger juridicamente e evitar dores de cabeça no futuro. Ser mãe solo é uma caminhada cheia de desafios, mas você não precisa enfrentá-la desprotegida. Conhecer seus direitos e agir da forma correta é a melhor maneira de garantir segurança para você e, acima de tudo, para o seu filho. Informe-se. Busque orientação jurídica. Não tome decisões por impulso. Proteger juridicamente a sua história é também proteger a infância do seu filho — e isso é o que realmente importa. Erros que mães solo cometem sem perceber (e como evitar)
- Divórcio Judicial: quando o fim do casamento precisa passar pelo Judiciário e como funciona
Divórcio Judicial: quando o fim do casamento precisa passar pelo Judiciário e como funciona Nem todo divórcio pode ser resolvido em cartório. Em muitas situações, o caminho obrigatório é o Poder Judiciário. O divórcio judicial pode ocorrer tanto de forma consensual (quando há acordo entre o casal) quanto litigiosa (quando há conflitos ou desacordo). Saiba mais: Divórcio no cartório: como funciona o divórcio extrajudicial A seguir, você entenderá como cada modalidade funciona na prática. Divórcio Judicial Consensual Ocorre quando o casal concorda com a separação e também chega a um acordo sobre todos os pontos envolvidos , como partilha de bens, guarda dos filhos e pensão alimentícia. No entanto, mesmo com consenso, esse tipo de divórcio precisa passar pelo Judiciário quando há filhos menores ou incapazes, quando não possa ser pelo extrajudicial. O procedimento é regido pelo art. 731 do Código de Processo Civil e tramita como jurisdição voluntária, sendo mais simples e rápido. A petição inicial deve conter: A descrição e partilha dos bens comuns; O valor da pensão alimentícia entre os cônjuges (se houver); A definição da guarda dos filhos e o regime de convivência; O valor da contribuição para criação e educação dos filhos. Documentos necessários: Certidão de casamento atualizada; Pacto antenupcial, se houver; Certidões de nascimento dos filhos; Matrículas dos imóveis a serem partilhados, se for o caso. Sentença: Após a análise do pedido, o juiz homologa o acordo . Com o trânsito em julgado , é possível averbar o divórcio no cartório de registro civil. Se houver imóveis, também será feito o registro nos respectivos cartórios de imóveis. Divórcio Judicial Litigioso Essa é a modalidade usada quando não há acordo entre os cônjuges — seja sobre o divórcio em si, sobre os bens, os filhos, ou qualquer outro ponto. É regido pelos arts. 693 a 699 do Código de Processo Civil. Como funciona o procedimento? Petição Inicial Citação e Intimação do réu para conhecer da ação e comparecer na audiência designada Audiência de Conciliação/Mediação: O réu será citado apenas para comparecer à audiência. Se houver acordo, o processo pode terminar ali. Resposta do Réu: Se não houver acordo, o réu terá 15 dias para apresentar contestação , contados da data da audiência (art. 335, I, CPC). Fase de Instrução (se necessária): A instrução só ocorre se houver outros pedidos além do divórcio , como partilha de bens, discussão sobre data da separação de fato, pensão, fraude, entre outros. Sentença e Averbação: Transitada em julgado a decisão, é expedido o mandado de averbação do divórcio para o cartório de registro civil. Importante saber! O divórcio é um direito potestativo , ou seja, ninguém é obrigado a permanecer casado. Ainda que existam conflitos, ninguém pode impedir o outro de se divorciar . As discussões acessórias (guarda, alimentos, partilha) podem prolongar o processo, mas não impedem a decretação do divórcio em si . Saiba mais: Como funciona o Divórcio no Brasil e quais são seus direitos ? Assista o vídeo do canal do Youtube sobre o tema:
- Contrato de Namoro: segurança jurídica para quem ainda não quer constituir família
Contrato de Namoro: segurança jurídica para quem ainda não quer constituir família Quando um casal decide se unir, é natural que surjam planos para o futuro. Alguns pensam em casamento, outros em união estável — mas há quem prefira apenas viver o presente, com leveza e sem compromisso formal de constituir família. É exatamente nesses casos que o contrato de namoro pode ser uma excelente escolha. Trata-se de um documento firmado entre duas pessoas que estão em um relacionamento afetivo , mas que deixam claro, de forma expressa, que não têm a intenção de formar uma união estável naquele momento . Esse contrato tem como principal objetivo evitar confusões jurídicas no futuro , especialmente relacionadas à partilha de bens ou à alegação indevida de existência de união estável. Por que fazer um contrato de namoro? O contrato de namoro funciona como uma espécie de “registro” da vontade do casal naquele momento: estão juntos, sim, mas apenas como namorados. Essa distinção pode evitar conflitos futuros , principalmente se o relacionamento chegar ao fim e uma das partes alegar direitos que somente existiriam em uma união estável. Tem validade jurídica? Sim — desde que feito com clareza, livremente e, de preferência, com orientação jurídica , o contrato é válido e útil como meio de prova. Ainda que não impeça o reconhecimento de união estável , caso ela de fato exista, o contrato de namoro serve como prova importante da intenção das partes . E mais: ele delimita um marco temporal — ou seja, declara que até aquela data o relacionamento era apenas um namoro. Se houver mudança futura na natureza da relação, será necessário um novo olhar jurídico.
- Tutela de Menores: Entenda como funciona a proteção legal para crianças e adolescentes sem pais presentes
Tutela de Menores: Entenda como funciona a proteção legal para crianças e adolescentes sem pais presentes A tutela é uma importante medida de proteção prevista no ordenamento jurídico brasileiro. Ela garante cuidado, assistência e representação legal a crianças e adolescentes que, por diferentes motivos, estão desprovidos do poder familiar de seus pais. Neste artigo, você vai entender o que é tutela, quando ela é aplicada, quem pode ser tutor e quais são os direitos e deveres envolvidos. O que é tutela? A palavra “tutela” vem do latim tutela , que significa proteção ou defesa. No Direito Civil brasileiro, a tutela é o instituto que confere a uma pessoa (o tutor) o dever de cuidar, educar e administrar os bens de um menor que não esteja sob o poder familiar dos pais , seja porque faleceram, sejam incapazes ou estejam ausentes. A tutela de menores, portanto, é uma medida excepcional, voltada exclusivamente à proteção de crianças e adolescentes que se encontram em situação de vulnerabilidade familiar. Quando a tutela de menores é aplicada? A tutela é cabível nos seguintes casos (art. 1.728 CC) : Falecimento dos pais ou julgados ausentes; Perda do poder familiar. Nessas situações, é preciso garantir à criança ou adolescente um responsável legal que possa exercer os atos civis em seu nome e zelar por sua integridade física, moral, educacional e patrimonial. Tutela não é o mesmo que poder familiar É importante destacar que a tutela não se confunde com o poder familiar . Este é exercido pelos pais biológicos, socioafetivos ou adotivos enquanto estiverem vivos e aptos. Já a tutela ocorre na ausência desse poder, sendo regida por regras específicas e com limitações legais. Por exemplo, o tutor não possui o dever de afetividade previsto para os pais e também não pode usufruir dos bens da criança ou adolescente, exceto na forma da lei, para sustento, educação e administração do patrimônio do tutelado. Quem pode ser tutor? Existem três formas de instituição da tutela: 1. Tutela documental ou testamentária (pelos pais) É quando os próprios pais, por testamento ou documento público ou particular, indicam quem deverá ser o tutor de seus filhos menores em caso de morte (art. 1.729 CC). Para que essa nomeação seja válida, os pais devem estar no exercício do poder familiar no momento da nomeação. Se já tiverem perdido esse poder, a nomeação é nula (art. 1.730 CC). 2. Tutela legítima (por ordem legal) Na ausência de nomeação pelos pais, a lei estabelece uma ordem de preferência entre os parentes: Ascendentes (avós, bisavós) , com prioridade ao grau mais próximo; Colaterais até o 3º grau (irmãos, tios e sobrinhos) , com preferência o grau mais próximo, sendo o mais velho entre os de mesmo grau. Mesmo com essa ordem, o juiz avaliará a aptidão da pessoa para exercer a função de tutor, sempre considerando o melhor interesse da criança ou adolescente. 3. Tutela dativa (pelo juiz) Quando não há nomeação válida pelos pais nem parentes habilitados pela lei, o juiz poderá nomear um tutor (tutela dativa) ou incluir a criança/adolescente em programa de colocação familiar , conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Quem não pode ser tutor? Nem toda pessoa pode assumir a tutela de uma criança ou adolescente. A lei brasileira, por meio do art. 1.735 do Código Civil, estabelece critérios rigorosos para garantir que o tutor seja alguém confiável e capaz de exercer essa função com responsabilidade. Veja quem não pode ser tutor — e será afastado da tutela, caso a esteja exercendo: Pessoas que não têm a livre administração de seus próprios bens , como interditados ou falidos; Aqueles que tenham conflito de interesses com o menor , ou estejam obrigados contra ele (por exemplo, quem deve dinheiro ao menor, ou precisa entrar com processo contra ele); Quem é inimigo declarado da criança ou de seus pais , ou tenha sido expressamente excluído da tutela pelos pais; Condenados por crimes graves , como furto, roubo, estelionato, falsidade, crimes contra a família ou contra os costumes — ainda que já tenham cumprido pena; Pessoas com mau comportamento , reputação duvidosa, histórico de desonestidade ou que tenham abusado da função de tutor anteriormente; Quem ocupa cargo público incompatível com a administração da tutela , especialmente se o acúmulo das funções puder comprometer os cuidados devidos ao tutelado. Essas restrições existem para preservar o interesse da criança ou adolescente, garantindo que a tutela seja exercida por alguém idôneo, imparcial e comprometido com o bem-estar do menor. Quais são os deveres do tutor? O tutor é responsável não apenas pela administração dos bens da criança ou adolescente tutelado, mas também por garantir sua proteção pessoal, educação e bem-estar. Esses deveres estão claramente definidos nos artigos 1.740 e 1.741 do Código Civil, e devem ser exercidos com zelo, boa-fé e sob fiscalização judicial. Deveres em relação à pessoa do tutelado: De acordo com o art. 1.740 do Código Civil, o tutor tem as seguintes obrigações: Dirigir a educação do menor, promovendo seu desenvolvimento intelectual, emocional e social; Defendê-lo sempre que necessário , inclusive juridicamente; Prestar-lhe alimentos , de acordo com as possibilidades e condição econômica do tutelado; Solicitar providências ao juiz , caso o menor precise de correção ou medida especial de proteção; Cumprir os deveres que normalmente caberiam aos pais , ouvindo a opinião do menor, quando ele já tiver completado 12 anos . Deveres em relação aos bens do tutelado: Conforme o art. 1.741 do Código Civil, o tutor deve: Administrar os bens do tutelado com responsabilidade , sempre em benefício deste; Agir com zelo, transparência e boa-fé ; Submeter-se à fiscalização do juiz , especialmente em atos que envolvam movimentação patrimonial relevante; Prestar contas da gestão patrimonial de forma periódica, como exigido por lei. Devendo ser feita ao final de cada biênio (a cada dois anos) ou sempre que exigido pelo juiz. Esses deveres têm como objetivo assegurar que o tutor atue com responsabilidade tanto na vida pessoal quanto financeira do tutelado, sempre com foco na proteção integral da criança ou adolescente. Quando a tutela termina? A tutela não é uma relação permanente . Ela se encerra quando deixa de ser necessária ou viável, conforme estabelecem os artigos 1.764 e 1.765 do Código Civil. A tutela cessa nos seguintes casos: Maioridade do tutelado (18 anos completos); Emancipação legal , quando o menor adquire capacidade civil antes dos 18; Adoção ou reconhecimento por outra família , com nova configuração jurídica e afetiva; Prazo legal de exercício da tutela , que é de dois anos (art. 1.765), salvo se o tutor desejar continuar e o juiz considerar essa continuidade benéfica ao menor; Escusa legítima , quando o tutor comprova motivo justo para não exercer mais a função; Remoção judicial , nos casos de negligência, abuso, inidoneidade ou conflito de interesses. A cessação da tutela é sempre analisada pelo juiz, com base no melhor interesse da criança ou adolescente. Conclusão A tutela é uma importante ferramenta jurídica de proteção à infância e adolescência. Ela garante que crianças e adolescentes desprovidos de cuidados parentais possam contar com um responsável legal que zela por seus direitos e bem-estar. Se você está diante de uma situação que envolve tutela de menor, é fundamental buscar orientação jurídica qualificada. Cada caso exige análise individualizada, sempre com foco no melhor interesse da criança ou adolescente.
- Holding familiar: O que é e como pode proteger sua família?
Holding familiar: O que é e como pode proteger sua família? Já pensou em uma forma de evitar o demorado inventário, proteger seus bens e ainda prevenir brigas entre seus filhos no futuro? É exatamente isso que o planejamento sucessório com holding familiar pode oferecer. Nos últimos tempos, tem-se falado bastante sobre planejamento patrimonial e sucessório — e com razão. Cada vez mais pessoas buscam formas de proteger seu patrimônio, evitar a burocracia de um inventário e, principalmente, prevenir conflitos familiares. Nesse contexto, um termo passou a ganhar destaque: holding familiar . Neste artigo, explico o que é essa alternativa de planejamento e quais são suas principais vantagens e desvantagens. O que é uma holding familiar? O termo "holding" vem da ideia de uma empresa que controla outras empresas ou administra bens e ativos . Ou seja, uma holding é uma pessoa jurídica criada justamente para centralizar a administração do patrimônio, como imóveis, participações societárias, ações e valores financeiros. A holding familiar, especificamente, é constituída para organizar o patrimônio de uma família , facilitando sua gestão e possibilitando um planejamento sucessório mais eficiente. O amparo legal encontra-se no art. 2º, §3º da Lei nº 6.404/76 — conhecida como Lei das Sociedades por Ações. Art. 2º § 3º da Lei 6.404/76. A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais. Como funciona? O processo começa com a transferência dos bens (por exemplo, feita pelos pais) para essa pessoa jurídica recém-criada — a holding familiar . A partir daí, a empresa se torna a titular do patrimônio. Importante: é necessário verificar o regime de bens do casal para saber se há necessidade de anuência do cônjuge. Quem realiza a transferência pode continuar como acionista ou sócio majoritário, enquanto os herdeiros se tornam quotistas ou acionistas, conforme a estrutura da empresa (sociedade limitada ou anônima). Essa transferência pode ocorrer, por exemplo, por meio de doação. Na prática, os bens que antes pertenciam à pessoa física são transformados em cotas ou ações da empresa. E mais: é possível incluir cláusulas protetivas como usufruto, reversão, impenhorabilidade, entre outras. 💡Exemplo: Imagine que Carlos e Marta possuem três imóveis e dois filhos. Eles constituem uma holding familiar e transferem os imóveis para a empresa. João e Maria ficam como sócios majoritários com cláusula de usufruto, e os filhos passam a ter cotas da empresa. Por que a holding é tão utilizada em casos de herança? Com o falecimento de uma pessoa, há a transmissão automática da herança, mas a regularização dos bens exige inventário , que pode ser custoso, demorado e muitas vezes acompanhado de conflitos entre os herdeiros — especialmente quando há muitos bens ou muitos herdeiros envolvidos. A holding familiar se destaca como uma alternativa eficiente de planejamento sucessório , pois permite organizar previamente o destino dos bens. Como o patrimônio já está sob a titularidade da empresa e os herdeiros já detêm suas quotas, o processo de transição se torna mais ágil, econômico e previsível. Além disso, a estrutura pode ser ajustada conforme os objetivos da família, havendo tipos diferentes de holding, como: Holding patrimonial: voltada à centralização e administração dos bens; Holding pura: criada exclusivamente para controlar outras empresas; Holding mista: além de controlar empresas, exerce alguma atividade empresarial própria. Passo a passo da criação da holding familiar 1. Levantamento do patrimônio O primeiro passo é identificar todos os bens da família: imóveis, participações em empresas, investimentos, veículos etc. É importante saber o valor de cada bem , sua utilidade, se gera renda, se é fácil de vender e quais os impactos fiscais envolvidos. 2. Escolha dos sócios Decida quem fará parte da holding: normalmente pais e filhos. Defina quem terá poder de decisão, quem será apenas cotista, e pense desde já em como funcionará a sucessão (ex.: doação com usufruto). 3. Escolha do tipo de empresa A holding pode ser: Ltda. : mais simples, ideal para famílias menores. S.A. : mais complexa, usada em patrimônios maiores. Também é preciso definir o objeto social (participações ou também administração de bens) e escolher o regime tributário com apoio de contador. 4. Elaboração do contrato social O contrato da holding define como tudo vai funcionar: Quem administra, Como será a divisão de lucros, O que acontece se um sócio sair ou falecer, Regras para venda de bens e entrada de novos sócios. Esse contrato precisa ser claro, bem pensado e feito com ajuda especializada. 5. Registro da empresa Com o contrato pronto, a holding é registrada: Na Junta Comercial do Estado; Obtenção do CNPJ ; Abertura de conta bancária e cadastro em órgãos necessários. 6. Transferência dos bens Depois que a empresa está criada, os bens são transferidos para ela: imóveis, quotas de outras empresas, aplicações etc. Essa etapa exige atenção para evitar impostos desnecessários e deve ser feita com suporte jurídico e contábil. 7. Gestão e manutenção A holding precisa ser bem administrada: Contabilidade regular; Reuniões para tomada de decisões; Controle de documentos e planejamento fiscal atualizado. Quais são as vantagens da holding familiar? Se bem estruturada, a holding familiar pode trazer uma série de benefícios: Planejamento sucessório eficiente : permite a organização prévia da sucessão, evitando o inventário judicial e seus custos elevados. Redução de conflitos familiares : com regras bem definidas no contrato social ou estatuto, evita disputas entre herdeiros. Proteção patrimonial : os bens da holding não respondem por dívidas pessoais dos sócios, criando uma camada extra de proteção. Economia fiscal : pode reduzir a carga tributária em algumas situações, como no pagamento do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação), dependendo da forma como o planejamento é feito. Facilidade de gestão : a centralização patrimonial facilita a administração dos bens da família. Continuidade e desenvolvimento de negócios familiares , quando há empresas envolvidas. E as desvantagens? Apesar de suas vantagens, a holding familiar não é indicada para todos os casos. É preciso analisar cuidadosamente o perfil da família, o tipo e volume de patrimônio, bem como os objetivos pretendidos. Entre as desvantagens, podemos citar: Perda de benefícios fiscais da pessoa física , como isenções no Imposto de Renda sobre a venda de imóveis. Custo inicial com a constituição da empresa e necessidade de acompanhamento contábil e jurídico contínuo. Excesso de burocracia , se não houver uma estrutura clara e bem definida. Conclusão A holding familiar pode ser uma excelente ferramenta de planejamento patrimonial e sucessório, mas não é uma solução padrão. Cada caso deve ser avaliado individualmente. Antes de tomar qualquer decisão, procure a orientação de um(a) advogado(a) especializado(a), que poderá analisar o perfil da família, os bens envolvidos e os objetivos desejados — indicando, inclusive, se outras estratégias, como testamentos ou doações com cláusulas, podem ser mais adequadas. Planeje com segurança o futuro do seu patrimônio e da sua família. O cuidado hoje evita problemas amanhã. Informar-se é o primeiro passo para tomar decisões conscientes. Ainda tem alguma dúvida sobre o artigo?












